terça-feira, 1 de setembro de 2009

segunda-feira, 20 de julho de 2009

.o homem mais alto do mundo foi a antena 1.


(imagem daqui)

O homem mais alto do mundo não falhou ao encontro prometido na Antena 1 e fez valer a sua presença pela voz de João Tordo. Podem ouvir tudo AQUI.

terça-feira, 14 de julho de 2009

.história devida.


No próximo domingo (19 de Julho) às 13h, o programa História Devida da Antena 1 receberá o escritor e guionista João Tordo que irá ler algumas histórias. Entre elas, "O homem mais alto do mundo" da minha autoria.
Com apresentação de Inês Fonseca Santos e Dinarte Branco, A História Devida baseia-se num conceito do escritor Paul Auster e pretende dar a conhecer as histórias de vida dos ouvintes da RDP.
Histórias de amor, de amizade, de saudade, histórias alegres, bonitas, eufóricas, histórias de paisagens, sonhos ou lugares. Histórias curtas e reais.
Porque toda a gente tem uma historia para contar...
em jeito de brincadeira resolvi também contar uma das histórias que tenho guardadas.
Desta vez, a história vai sair do papel para os vossos ouvidos!


Links:
Antena 1

segunda-feira, 29 de junho de 2009

.apoio?.


Manufacturing #17, 
Deda Chicken Processing Plant, Dehui City, Jilin Province, 2005

Ao fim de um ano a trabalhar para o bem da cultura nacional, a trabalhar pior que precariamente, sem remuneração, com todos os deveres de um funcionário da casa acrescendo a responsabilidade de ser jovem e ter de prestar provas do meu valor, sinto-me exausta.
Estou cansada de um país onde é socialmente aceite que alguém que procure um primeiro emprego, alguém que diz o centro de emprego está posicionado no nível V de formação (palmas!), quer isto dizer alguém que andou a esforçar-se por fazer uma licenciatura de quatro anos em três enquanto arruína a conta parental, esse alguém deve trabalhar um ano chamado à boa maneira portuguesa à borla.
Um ano a trabalhar para o gabarito da cultura nacional, um ano de valentes horas extraordinárias, um ano de mais que muitas directas, um ano sem muitos fins-de-semana, um ano a pagar renda, um ano a pagar as contas, um ano a assumir todos os deveres com o direito a não me queixar.
Feitas as contas, passou pois um ano e a capacidade de executar, criar e projectar aumentou para o dobro e a paciência diminuiu para metade. Mas, eis que chega o dia em que cai na minha conta o primeiro ordenado.
Um salário, um salário verdadeiro sem cheques a passar por baixo da mesa ou fugas aos recibos verdes alheios. Um salário meu e com direito a subsídio de alimentação.
O entusiasmo é muito e merece um "dá cá mais cinco" com a amiga de sempre. Mas desengane-se o coração esperançoso, o Estado dá mas também tira. Dá um apoio ao primeiro emprego aos jovens licenciados que se traduz na atribuição do equivalente a dois IAS (Indexante de Apoio Social) livres de deduções, o célebre estágio profissional. Estágio esse, que é comunicado ao povo português heroicamente, rasgado a elogios ao esforço pela melhoria da empregabilidade em Portugal. No entanto, segundo me foi dito pela senhora simpática das finanças (verdadeiramente simpática), desde há dois anos que o mesmo está sujeito ao IRS (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares).

Afinal quem é que apoia quem??

terça-feira, 2 de junho de 2009

@origami + @porto = <3

Obrigado M. e Obrigado N.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

.agora.

(c) Ines van Lamsweerde e Vinoodh Matadin

Às vezes pergunto-me o que estarás a fazer no preciso momento em que penso em ti. O que estarás a fazer agora enquanto arrasto a caneta na folha de papel? Agora que as lágrimas ameaçam os meus olhos? Agora enquanto o meu pai abraça a minha mãe e lhe deseja boa noite? Agora que o meu avô, que assaltou os meus sonhos de ontem, continua debaixo da terra fria a sete palmos do meu coração? Agora que o cão do vizinho se resignou ao silêncio e ao escuro da noite? Agora enquanto estou deitada de costas para o tecto?
Pensarás em mim quando penso em ti? Pensa em mim agora, enquanto é tempo. Agora, enquanto ainda te lembras do sabor da minha pele.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

.seguir.



Seguir em frente, para a frente, sempre em frente.
Seguir sem parar, sem pensar, sem parar para pensar.
Seguir e não esquecer, seguir e não fugir, seguir e não deixar de procurar.
Seguir sem destino ou sem caminho, mas seguir sempre.
Sempre seguir, sempre só seguir.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

domingo, 8 de fevereiro de 2009

.no one will ever love you.



If you don't mind why don't you mind

Where is your sense of indignation

You are too kind
Much too kind
Where is the madness that you promised me
Where is the dream for which I paid dearly

When things go wrong I sing along

It is the nature of the business
But you're not here to make my sad songs more sincere
No one will ever love you honestly
No one will ever love you for your honesty
No one will ever love you honestly
No one will ever love you for your honest
y

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

.celebração do retrato perfeito.

O segredo
dos melhores momentos
para 'procrastinar'
,
quando a preguiça do trabalho
nos dá comichão atrás da orelha
,
é a diversão junto de pessoas sexy!

!Sexy People!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

.wonderlust queens.

Back in the day as we learned
A man was not considered to be,
Considered to be fully grown!

We are the Wonderlust Queens!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

.viagem.


A mão que abria aquela porta era uma mão de homem. Uma mão grande, de pele macia e unhas bonitas. Era a mão do meu avô que todas as tardes gostava de ir passear de autocarro. Sempre gostei de imaginar sítios fantásticos onde ele ia passear e nos quais coleccionava aventuras que só não me contava quando chegava porque eu era ainda muito pequena e não tinha idade para perceber as coisas dos crescidos. Sempre me recusei a acreditar que na verdade o autocarro que apanhava todas as tardes não mudava de número e que o seu passeio não mudava de rota.
Quando voltava para casa, saltava para os seus braços. Beijava-lhe o pescoço e deixava-me ficar no seu colo de sorriso colado porque sabia que o fumo dos cozinhados da minha avó, que marcava o seu lugar no fogão durante horas que sempre me pareceram dias, esse fumo escondia os segredos das histórias maravilhosas que o meu avô vivia nas suas tardes e que só eu as sabia à custa de tanto as fantasiar.

sábado, 24 de janeiro de 2009

.saudades.



Tenho saudades.
Saudades dos que já morreram,
saudades dos que ainda não morreram
e saudades dos que estão para morrer.



quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

.o homem mais alto do mundo.

Há dias em que acordo com vontade que já seja noite e que já seja hora de voltar para a cama e dormir. Dias em que a vontade de fazer qualquer coisa que se assemelhe a produtiva é absolutamente nula. Dias como os de hoje em que acordei e fiquei na cama a olhar para o tecto e a ouvir a chuva a cair. Dias como os de hoje em que sou tomada por uma nostalgia estranha que me traz à memória as recordações mais longínquas que há muito estavam guardadas num lugar tão recôndito que já esqueci. E foi assim, que despropositada me surgiu a memória fílmica do momento em que fui obrigada a insurgir-me em defesa do homem mais alto do mundo.
Tinha cinco ou seis anos, apontando sem precisão, e andava no colégio. E lá andava também a Tatiana. A Tatiana, que para além do nome que sempre achei tenebroso, juntava todos os elementos chave da minha inveja. Era irritantemente magra, tinha todos os conjuntos da Barbie, os cabelos eram compridos e usava todas as parafernálias que pudessem existir para os enfeitar. E eu que até à altura sempre tive o cabelo curto à rapazinho, que nunca usei acessórios da Barbie porque a minha mãe os achava pirosos e que sempre sonhei com produtos milagrosos que me transformassem num corpinho magro como os que apareciam na televisão, achava-a a combinação de uma petulância que devia evitar a todo o custo. Preferia o meu mundo construído à imagem de fantasias solitárias, disfarçado por uma aparência de criança calma, discreta e despercebida enquanto a Tatiana se rodeava de bibes cor-de-rosa que a admiravam. Até que um dia, reparei que ela contava empolgada aos seus bibes cor-de-rosa que o seu pai era o homem mais alto do mundo. Chegara à altura de me impor. Como poderia ela, que nunca sequer tinha reparado na minha existência, afirmar que o seu pai era o homem mais alto do mundo? Eu sempre soubera que o meu pai era o homem mais alto do mundo! Era a minha única verdade absoluta. De um patamar inferior, olhando para os crescidos de cabeças desproporcionais aos meus olhos, a única certeza a ter era que o meu pai era o homem mais alto do mundo. O meu pai conseguia tocar no céu e não havia ninguém que o pudesse negar, nem sequer a Tatiana. Por isso, tirei as mãos do meu bibe aos quadrados vermelhos e respirei fundo na tentativa de arranjar toda a coragem que julgava não ter. E disse: "Tatiana, desculpa mas o teu pai não pode ser o homem mais alto do mundo. O meu pai é que é o homem mais alto do mundo!". Ao que ela respondeu com toda a altivez para a qual já me tinha preparado, que isso era impossível e que eu não devia dizer-lhe uma coisa dessas. Acordámos, então, que o melhor seria tirar a prova dos nove. No dia seguinte de manhã, ambas insistiríamos para que os nossos respectivos pais nos levassem até à sala. E assim foi, no dia seguinte, entrei na sala confiante de mão dada ao meu pai e orgulhosa na razão magnânime que iria provar. Mas, o confronto com a verdade foi terrível e lado a lado quando se dirigiam até à saída, a distância de palmo e meio que separava o ombro do meu pai do do pai da Tatiana gritou-me impiedosamente a mentira da minha crença. Afinal o meu pai não era o homem mais alto do mundo!
Vencida mas com uma réstia de orgulho, conclui que havia ainda algo a fazer. Assim que os nossos pais saíram e no preciso instante em que a Fátima-a-educadora virou as costas, eu dirigi-me à Tatiana e preguei-lhe uma enorme e impetuosa estalada que deixou o seu rosto vermelho. Aquele foi um acto tão inesperado que a pobre Tatiana perdera num segundo toda a arrogância e impertinência que caíram ao chão com os seus ganchos da Barbie. Depois disto, só me faltava rematar: "Tatiana, o meu pai continua a ser o homem mais alto do mundo.".
Ignoro o que é feito da Tatiana por estes dias e ignoro também a razão do assalto desta memória neste preciso dia de chuva.