sábado, 18 de outubro de 2008

.amores que matam #2.

Eu estava calada. Os olhos bem abertos, impertinentes de pestanas raiadas de atenção e aquele brilho que não se distingue se de emoção se pelo fumo dos muitos cigarros que passeavam pelos meus dedos. Não consegui dizer nada. Opinar também sobre o amor como os outros a medo começavam a fazer. As palavras da Dona Rosa tinham-me invadido, dançavam agora na minha cabeça já atulhada de pensamentos.
Passaram-se uns minutos e falava-se agora de livros, de amor já que era a Dona Rosa quem liderava. Disse-me que gostava muito que lesse um livro cujo título não me recordo. Um qualquer título que se assemelhava a “os amores que matam”. Era escrito por uma psicóloga. Nunca gostei de livros escritos por psicólogos, sempre desconfiei das suas palavras demasiado embebidas num certo esgar de preciosismo de quem sabe mais que os outros. No entanto, naquele momento aquele pareceu-me o melhor livro para ler. Esbocei o meu melhor sorriso e amavelmente disse à Dona Rosa que o leria com todo o gosto.
Não cheguei a comprar o livro e a Dona Rosa não mo chegou a oferecer. Mas comigo ficou a certeza que também eu, quando tiver 80 anos vou querer ser assim. Ter um amor que mata para contar com a certeza que o soube amar.


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